Quando a correria dá uma trégua: saudades de trocar uma ideia contigo
Você já parou para pensar quanto é preciso ganhar por mês para estar entre os 0,1% mais ricos do Brasil? Algo em torno de 120 mil a 150 mil reais por mês. Hoje, apenas cerca de 160 mil pessoas no país têm uma renda superior a isso. Isso significa que 12% de toda a renda brasileira está concentrada nas mãos de uma parcela minúscula da população.
O Brasil é um país marcado por uma desigualdade econômica profunda. E uma das principais causas dessa desigualdade são os juros. Por quê? Porque quem tem dinheiro investe e ganha mais, enquanto quem não tem precisa pegar empréstimos e acaba pagando juros altíssimos.
Dá para acreditar que dois terços das famílias brasileiras estão endividadas? E que cerca de um terço da renda de muitas pessoas é comprometida com o pagamento dessas dívidas? Isso acontece, em parte, por conta da cultura do parcelamento: se cabe na parcela, o consumidor compra, mesmo que isso não seja tão comum em países como Estados Unidos e Europa.
Além de estarem superendividados, os brasileiros pagam juros muito altos. Por que os juros aqui são tão altos? Existem dois grandes motivos. Primeiro, a inflação média no Brasil nos últimos 10 anos foi de cerca de 6%, o dobro da inflação média nos EUA. Com uma inflação alta, o Banco Central precisa aumentar os juros para tentar controlar a economia. Hoje, a taxa Selic está em 15%.
Mas se você for pedir um empréstimo no banco, não vai conseguir pagar “só” 15% ao ano. Os juros cobrados nas operações de crédito costumam ser em torno de 40%. A diferença é tão alta porque os bancos enfrentam impostos elevados — que são o dobro dos impostos bancários nos EUA — e também porque a inadimplência aqui é maior.
Quando alguém deixa de pagar um empréstimo, o banco tem muita dificuldade para reaver o dinheiro emprestado, conseguindo recuperar em média apenas 18% do valor. Essa é uma das taxas mais baixas do mundo. Por outro lado, os bancos brasileiros conseguem uma rentabilidade cerca de 50% maior do que os bancos americanos, mesmo oferecendo menos opções para o consumidor, já que o sistema bancário aqui é dominado por um oligopólio.
Imagina que eu tenho essa xícara na mão, e sou o único produtor dela no Brasil. Posso cobrar o preço que quiser, por exemplo, mil reais. Mas se existissem 10 produtores concorrendo, o preço cairia, porque a competição faz o preço diminuir.
Mesmo com todos esses desafios, os bancos no Brasil lucram muito por conta dessa falta de competição. Por isso, acredito que uma das principais formas de combater a desigualdade no país é reduzir os juros na economia, tornando o crédito mais acessível e justo para todos.
Se você quer entender melhor esses temas e ficar por dentro do que acontece na economia, vale a pena seguir especialistas como o Rian, que explicam de forma simples o que acontece por trás dessas questões. Assim, você fica preparado para tomar decisões financeiras mais conscientes e ajudar a construir um país mais justo.

